quinta-feira, novembro 02, 2006

Bom Dia Brasil e a cultura do medo

O Bom Dia Brasil do dia 31 de outubro , dia das bruxas, foi um dos mais assustadores dos últimos tempos.
O jornalista Alexandre Garcia tentou nos convencer que, há muito tempo, estamos, os viajantes que utilizam aviões, por um fio. Disse que a gente não sabia que corríamos riscos tão grandes , mas que o governo já sabia , há 3 anos, que isso acontecia.
Vamos analisar isso por partes.
1-Nos últimos, por exemplo, 5 anos, quantos desastres aéreos tivemos no Brasil, que, após perícia e o devido processo, tenha constatado que havia negligência, imprudência ou imperícia dos controladores de trafego aéreo?
2-O jornalista colocou o relatório supostamente enviado à presidência ou ao ministro, na tela, mas não colocou nenhuma resposta das autoridades no mesmo momento ( isso foi colocado depois, durante a semana)
O jornalista como qualquer profissional tem o dever de informar a notícia e/ou opinião devidamente fundamentada em fatos ou depoimentos das partes envolvidas. Se não o fizer, responde com responsabilidade civil ele, pessoalmente, e a empresa veiculadora da informação incompleta. Sabe por quê?
Porque a empresa de comunicação, através de seus veículos ( jornal, rádio , TV, revistas) tem como mercadoria a informação clara, precisa e fundamentada, e nós, os consumidores, compramos o serviço para que tenhamos acesso a informação . No fundo , tanto o jornalista quanto a empresa de comunicação vendem CREDIBILIDADE. Não é qualquer informação. Não é informação parcial que o consumidor pretende e compra. Assim como não é o jornal, a revista, ou o programa que a empresa vende. Isso é o suporte onde está a verdadeira mercadoria: informação completa boa e honesta.
Bem se existe uma compra e venda, estamos no terreno da relação de consumo, o que incorre na possibilidade de indenização por parte do fornecedor da informação - seja o jornalista , seja a empresa- aos consumidores que estejam submetidos, direta ou indiretamente, à informação indevidamente difundida.
A atitude do Alexandre Garcia me lembrou o livro Cultura do Medo, do Barry Glassner. Leitura excelente para que a gente perceba quantas inverdades são manipuladas pela imprensa , espalhando desconfiança sem o menor fundamento, fazendo que a gente desconfie até da nossa própria mãezinha, dos vizinhos, da professora de nossos filhos, e até do presidente da república, que pareceu um monstro distraído que, de propósito, deixou o caos acontecer para que tomasse uma decisão. Será que foi assim mesmo?
O jornalista SABE ou deveria saber, por dever de profissão, como conduzir uma matéria. Se não o faz, deve responder por ela.
Devemos portanto ficar atentos para esses medos , às vezes infundados, que nos submetem os veículos de informação. E boa viagem.

2 comentários:

Eliana Tavares disse...

Ainda bem que não programei viagem nenhuma! E o presidente da república tem sido tratado como Deus. Onipresente, onisciente e onipotente!
Vc precisa configurar o seu blog para permitir postagens anônimas. Se não, só quem tem blog vai poder comentar.
Bjsssss

Anônimo disse...

Querida Andréa, sua reflexão lúcida não me surpreende. Fico feliz em perceber que o doutoramento tem lhe fornecido instrumentos muito interessantes para pensar a realidade brasileira. Melhor ainda saber que compartilha com o mundo essa lucidez. Beijos,
Eunice